ISSN: 1983-6007 N° da Revista: 20 Maio à Agosto de 2013
 
   
 
   
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Reabilitação de uma idosa com alcoolismo

Rehabilitation of an elderly with alcoholism

 
     
 


Maria das Graças Borges da Silva

Mestre em Saúde Pública e psicóloga clínica da Secretaria Municipal de Saúde do Recife no programa de reabilitação psicossocial e redução de danos da Unidade de acolhimento para usuários dependentes de álcool, crack e outras drogas Docente do Centro Regional de Referência sobre Drogas da Universidade Federal de Pernambuco. Técnica do Grupo de pesquisa Saúde mental e qualidade de vida no ciclo vital. UFPE/Centro de Ciências da Saúde / Departamento de Enfermagem e tutora do Projeto Caminhos do Cuidado
E-mail: gracasborges@gmail.com



Tereza Maciel Lyra

Doutora em Saúde Pública
Pesquisadora do Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães / Fiocruz Pernambuco
Docente da Faculdade de Medicina da Universidade de Pernambuco
E-mail: terezalyra@cpqam.fiocruz

 

Resumo: Trata-se de um estudo de caso com abordagem qualitativa, respaldado na Teoria das Representações Sociais. Teve por objetivo compreender e analisar o caminho percorrido por uma mulher idosa com alcoolismo crônico, acompanhada em um Centro de Atenção Psicossocial de Álcool e outras Drogas, a partir do modelo de atenção integral à saúde para tratamento de problemas decorrentes do uso de álcool e outras drogas, vislumbrando a busca de novas perspectivas de cuidado. O caso levantou questionamentos acerca das limitações existentes na rede de atenção ao cuidado da dependência química entre mulheres, na Secretaria Municipal de Saúde do Recife. Acolheu igualmente a necessidade em avançar na reabilitação e na reinserção social em prol da obtenção de resultados significativos na melhoria da qualidade de vida da idosa, relacionando-os à proposta de promoção da saúde. Para tanto, fez-se necessário relatar a história do tratamento e reabilitação de vida da idosa com seus momentos de investimento, dificuldades e superações. Realizou-se ao final, a preconização de um modelo de atenção integral à saúde de usuários de drogas, que precisa ser compreendida a partir de sua expressão na prática cotidiana do serviço.

Palavras-chave: Idosa. Alcoolismo. Reabilitação. Promoção da Saúde.

Abstract: This is a case study with a qualitative approach, supported the theory of social representations, which aimed to understand and analyze the path of an elderly woman with chronic alcoholism accompanied in a Psychosocial Care Center for Alcohol and Other Drugs, from the comprehensive care model for treatment to health problems caused by alcohol and other drugs glimpsing the search for new perspectives to care. The case raised questions about the limitations of the network existidas attention to the care of addiction among women of the Municipal Health Recife. Also accepted the need for advances in rehabilitation and social reintegration for the sake of obtaining significant results in improving the quality of life of the elderly, relating them to the proposed health promotion. Therefore, it was necessary to tell the story of the treatment and rehabilitation of elderly living with their time investment, difficulties and overruns. We finished that apreconização a model of comprehensive health care for drug users need to be understood from its expression in the daily practice of the service.

Keywords: Aged. Alcoholism. Rehabilitation. Health Promotion

 
 

 

Reabilitação de uma idosa com alcoolismo

1 INTRODUÇÃO

O consumo excessivo de álcool é uma preocupação em saúde pública para todas as faixas etárias, classes sociais e de gêneros (BOTEGA, 2006).

Embora a ingestão de bebida alcoólica seja aceita social e culturalmente no Brasil, o alcoolismo constitui-se, na atualidade, em um dos mais graves problemas médico-sociais dos grandes centros urbanos. Apesar disso, o uso do álcool sem controle está relacionado a problemas clínicos e psiquiátricos, especialmente no caso de pessoas com idade acima dos 60 anos, uma vez que, independentemente da quantidade ingerida, o consumo do mesmo pode estar associado ao aumento da mortalidade (HULSE, 2002).

Almeida (1999) em sua pesquisa revelou que o uso do álcool é comum entre pessoas idosas. Ao mesmo tempo, ele verificou que existem ainda poucos diagnósticos a respeito, devido ao fato de inexistirem avaliações mais adequadas, sendo um problema que tem merecido maior atenção nos últimos anos, em função do crescente aumento de consumo de álcool por parte deste grupo etário.

Por sua vez, Prado e Sayd (2004) acrescentam que, o Brasil ultimamente, encontra-se no fenômeno do envelhecimento populacional, assunto que passou a ser alvo de maior atenção por parte dos órgãos de saúde pública, através da abertura de novos e maiores espaços perante o panorama nacional, para que este fenômeno possa ser mais bem analisado e compreendido.

Hulse (2002) revela que o alcoolismo em mulher idosa tende a acarretar uma série de dificuldades na vida, entre eles os prejuízos físicos, psicológicos e os sociais.

Neste sentido, o presente estudo está inserido num contexto de investigação das politicas publicas em saúde mental, cuja singularidade consiste no fato de abordar as percepções de diferentes atores sociais sobre o modelo de atenção à saúde que orienta a prática, possibilitando que sejam ouvidos personagens importantes nesse cenário, geralmente ignorados em vários estudos.

1.1 Problemáticas do alcoolismo na mulher idosa
Bauer (2004) e César (2006) sugerem que o desenvolvimento do alcoolismo em mulheres é, biologicamente, bastante grave, uma vez que elas são menos tolerantes ao álcool do que os homens, atingindo concentrações sanguíneas de álcool mais altas, com as mesmas doses. Isso acontece devido à quantidade menor de água corporal e de maior quantidade de

gordura existentes no organismo feminino, associadas a uma quantidade menor de enzimas que metabolizam o álcool, o que implica no fato de que as mulheres precisam da metade da dose ingerida pelos homens para se intoxicarem, considerando-se sempre seu peso e sua altura.

. Trabalho epidemiológico de Rigo e seus colaboradores (2005) identificaram que 10% dos índices de alcoolismo na sociedade brasileira estão representados pelo grupo de idosos, sendo que o atendimento dos mesmos está assim distribuído: 14% nas urgências hospitalares, 18% nas internações em enfermarias e o intervalo entre 23% a 44% em unidade especializada. Estes mesmos autores alertam que os distúrbios cognitivos conduzidos pelo álcool entre os idosos sejam mais frequentes com longo tempo de uso. Também destacaram que as modificações orgânicas naturais esperadas no envelhecimento alterando as respostas do álcool. Ao envelhecer, o idoso pode ficar mais sensível à intoxicação alcoólica com doses que antes eram bem toleradas.

É sugestivo que paciente idoso, tendo o diagnóstico de alcoolismo com abordagem terapêutica focado nas mudanças de comportamentos, responde através de intervenção breve, realizada por equipe interdisciplinar de saúde (RONZANE; RIBEIRO; AMARAL; FORMIGONI, 2005).

Sendo assim, a atuação dos profissionais é de extrema importância, tanto no diagnóstico quanto na intervenção junto a essa população (RONZANE; RIBEIRO; AMARAL; FORMIGONI, 2005).

Neste sentido, procurou-se esclarecer como se dá tal realidade, por meio do relato da própria mulher idosa e, também explorar os sentimentos e comportamentos existentes frente ao uso de álcool.

1.2 Políticas de Atenção Integral ao Usuário de Álcool e outras Drogas
Os avanços conquistados pelo movimento da Reforma Psiquiátrica do Brasil motivaram o embasamento para criação da Política de Atenção Integral a Usuários de Álcool e outras Drogas.

Assim, incorporam atuações em saúde mental pautadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) nas mudanças dos modelos de atenção e gestão das práticas de saúde, desencadeando processo de criação dos Centros de Atenção Psicossocial de Álcool e outras Drogas (CAPS-ad) a partir da Portaria GM/816 em 2002, com ênfase na reabilitação e reinserção social dos usuários de álcool e outras drogas e na implantação de uma rede de assistência centrada na atenção comunitária, associada à rede de serviços de saúde e sociais, integradas ao meio


cultural (BRASIL, 2004, 2007). Tem como pressupostos a valorização dos diferentes sujeitos implicados no processo de produção da saúde, tais como usuários, profissionais e gestores (BRASIL, 2004,2007).

Neste contexto, tem-se a oportunidade de ampliar as possibilidades de intervenção terapêutica de acolhimento, cuidado e reabilitação, assim como oferecer destaque à promoção e proteção especifica à saúde(BUSS, 2000; BRASIL,2007)

Além disso, a Política Pública Nacional de Saúde Mental consiste em promover a saúde, reafirmando a concepção da estratégia de redução de danos como uma tentativa de minimizar as consequências adversas do consumo de álcool ou outras drogas, do ponto de vista de saúde e dos seus aspectos sociais, sem necessariamente preconizar a abstinência como o único meio de abordar a questão do uso de drogas (BRASIL, 2004).

Destacamos que a rede de assistência aos usuários de álcool e outras drogas da Secretaria de Saúde Municipal do Recife tem como base os princípios do SUS, entre eles a universalidade, a integralidade e a equidade, e primordialmente, no território, de forma hierarquizada, acessível e resolutiva.

Conta com um CAPS-ad de referência para cada Distrito Sanitário, além de uma rede de apoio, a destacar: Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU); Unidades de Desintoxicação (UD); Casa do Meio do Caminho; Hospital Geral; Hospital Psiquiátrico; e Unidade de Pronto Atendimento (UPA); Estratégia de Saúde da Família e Consultório de Rua (OLIVEIRA; SANTOS, 2010).

Desse modo, quando o usuário chega a um CAPS-ad, seu acolhimento é feito por um profissional do setor de triagem, momento em que serão obtidas as informações referentes aos seus dados de identificação e sua queixa principal, devendo ser incluída sua história do consumo de drogas (tipos, padrão de ingestão e motivos para o início).

Essas informações irão nortear a condução do caso, podendo ser encaminhado para um dos seguintes serviços: para uma unidade hospitalar, no caso de sua desintoxicação; para uma emergência psiquiátrica (quando o uso da droga está associado ao transtorno mental) ou ainda, o próprio acolhimento, para que possa participar dos tipos de cuidados oferecidos por este serviço.

Assim sendo, consiste na indicação do seu acompanhamento por um membro da equipe interdisciplinar, designado técnico de referência para seu tratamento junto com a equipe, na elaboração de um Projeto Terapêutico Singular (PTS), ou seja, personalizado e singular (BRASIL, 2004, 2007).

Enfim, a necessidade de unir a teoria com a prática no que concerne à proposta vigente do SUS para com o modelo de atenção integral à pessoa que faz uso de álcool e outras drogas, este relato de caso parte da atuação da equipe interdisciplinar do CAPS-ad da Região Metropolitana do Recife-Estado de Pernambuco.

2 METODOLOGIA

Utilizou-se a abordagem metodológica de estudo de caso qualitativo, por entendermos o estudo de caso como uma investigação que esclarece a dinâmica e a patologia de certas doenças, permitindo analisar um fenômeno, de forma singular em vários aspectos, com o objetivo de encontrar o essencial e o peculiar no caso estudado, sendo útil quando o estudo se propõe a gerar informações sobre os eventos vivenciados e processos de mudança (GOLDENBERG, 2004).

Segundo Goldenberg (2004) por meio do estudo de caso é possível evidenciar associações entre intervenções e situações reais, seu contexto e desenvolvimento, seu sentido e a forma como pode ser interpretado. Para tanto, este estudo foi guiado pela Teoria das Representações Sociais, que visa compreender os significados e as interpretações que os grupos e sujeitos têm sobre os objetos sociais relevantes, com o enfoque no saber construído no cotidiano dos grupos sociais, ou seja, o conhecimento do senso comum (MOSCOVICI, 2007).

Ao considerar a inserção da mulher idosa alcoolista num contexto sociocultural definido e também a sua história pessoal e social, visamos apreender a representação social do alcoolismo na velhice, para podermos entender as formas como a idosa elabora esse conhecimento, e como ela convive com essa problemática em seu cotidiano.

O cenário onde ocorreu a pesquisa foi o Centro de Atenção Psicossocial de Álcool e outras Drogas (CAPS-ad). Optou-se por um serviço de saúde mental devido ao fato de ser referência para tratamento de transtornos relacionados ao álcool e outras drogas da Secretaria Municipal de Saúde do Recife. Assim, buscou-se conhecer o dia a dia da ação e cuidados diante do processo de saúde e doença vivenciado pelas participantes, para o alcance dos objetivos deste estudo. A pesquisa foi realizada no ano de 2011.

A coleta de dados foi realizada em três etapas. A primeira foi a escolha das entrevistadas, as quais foram indicadas pela equipe interdisciplinar do CAPS-ad. A classificação adotada foi a CID-10 (Classificação Internacional de Doenças – 10ª edição).

Definiu-se ainda que as mulheres selecionadas devessem estar em tratamento no serviço há pelo menos seis meses, e que tivessem diagnóstico exclusivo de alcoolismo, o que totalizou cinco prontuários, sendo selecionados a partir da observação dos registros citados em seus prontuários.

A segunda etapa foi a caracterização das participantes, através de questionário sociodemográfico contendo questões referentes à idade, religião, escolaridade, situação conjugal atual, situação profissional, moradia e renda familiar.

A proposta de trabalho foi submetida à avaliação da equipe interdisciplinar da unidade de saúde. Todos consideraram que as participantes estavam aptas a serem entrevistadas, resguardados os critérios éticos.

Iniciamos a coleta após aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães (CPqAM)/Fundação Oswaldo Cruz /FIOCRUZ.

Coletamos os dados através de uma entrevista semiestruturada, por tratar-se de uma técnica em que "o investigador encontra-se frente ao investigado e lhe formula perguntas, com o objetivo de obtenção dos dados que interessam à investigação" (GIL, 1999).

Os instrumentos usados foram às informações registradas nos prontuários e entrevista semiestruturada que abordou três aspectos: afetivos, cognitivos e de conduta diante do alcoolismo.

A entrevista foi avaliada a partir do método de análise de conteúdo, sendo utilizada a técnica de Condensação de Significados, que consiste em buscar na fala da entrevistada a ideia central do seu discurso, de forma condensada, sem perder a sua essência (KVALE, 1996). Foram incluídas perguntas fechadas acerca de dados sociodemográficos, visando caracterizar o estudo de caso.

Entretanto, este artigo apreciou o caso de uma das cinco participantes, cuja motivação deu-se pelo fato de ser idosa apresentando o diagnóstico de alcoolismo sem outras dependências químicas.

Realizamos o estudo de acordo com os preceitos éticos da Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, tendo a mesma assinado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. A participante foi informada sobre o objetivo do estudo e a finalidade dos resultados.

Visando garantir o anonimato e ao mesmo tempo resguardar a sua identidade, foi apresentada uma relação de nomes de Rosas com seus significados. A idosa escolheu o nome Rosa Castanha, que significa REIPERTO.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 A descoberta do alcoolismo por uma mulher idosa
Entre os vários casos acompanhados, o que chamou mais atenção da equipe de profissionais foi o caso da senhora Rosa Castanha, uma mulher de 70 anos que faz uso do álcool desde a adolescência e difere dos demais em razão de ser idosa; ela iniciou o tratamento sem ter nenhuma assistência de saúde, social, econômica ou familiar.

Rosa Castanha representou um desafio aos profissionais que prestam serviços nos vários equipamentos e dispositivos que compõe a rede de atenção aos usuários de álcool e outras drogas, estimulando assim a discussão da clínica neste contexto.

Destacou-se dos demais por apresentar uma multiplicidade de fatores socioeconômicos e de saúde, proporcionando à equipe técnica um repensar da prática e das ações desenvolvidas junto aos usuários do serviço.

O caso a ser relatado iniciou com a chegada de Rosa Castanha através da ajuda da policia, que a encontrou caída na via pública, sem ter noção sobre onde estava o cheiro forte de álcool. Percebe-se que a motivação para buscar tratamento não partiu dela própria, pois não houve percepção dos efeitos e as consequências do álcool em seu cotidiano.

A procura pelo tratamento é, muitas vezes, induzida por outros atores sociais, em função da ocorrência de eventos que chamam a atenção dos agentes da rede de cuidados:

[...] caí na rua, desmaiada, e o carro da policia me trouxe pra cá [CAPS-ad] estava bêbada. Eu descobri aqui que estava com alcoolismo, me deram conselho, me botaram pra frente.

Rosa Castanha chegou ao CAPS-ad no ano de 2008, sem nenhuma compreensão dos efeitos do álcool em seu organismo ou em sua vida, solteira, tem filhos, estudou até o ensino fundamental incompleto, morava numa casinha de papelão que não tinha água e nem luz, num terreno baldio do qual ela tomava conta, mas não recebia por esse serviço, exceto pelo espaço para moradia (moradora de rua).

Rosa Castanha traz historia de vida de solidão, teve cinco filhos, dois morreram e outros três estão vivos, sendo duas moças e um rapaz. Além de não ter nenhuma aproximação com eles, ela não conta com o apoio de ninguém. Rosa Castanha relatou que seu pai era alcoolista e morreu de tuberculose, enquanto sua mãe faleceu do coração antes do pai, bem como seus irmãos ainda são alcoolistas, mas não sabe o paradeiro dos mesmos. Diz que tem desgosto na vida e bebendo esquece.

A avaliação da equipe do serviço desta primeira ocasião foi o encaminhamento para a Unidade de Desintoxicação (UD), pois apresentava o quadro da síndrome de abstinência, entre eles os tremores, a falta de noção de tempo e de espaço, de coordenação motora e com sua higienização comprometida, aumento da hipertensão arterial e dores abdominais (LARANJEIRA, 1998).

Ficou internada na UD por 30 dias, recebendo ainda o acompanhamento do próprio CAPS-ad durante sua internação.

O acolhimento da equipe do serviço foi determinante neste processo, porém, a decisão de ficar no serviço pode ter ocorrido em virtude da censura recebida pelos seus familiares em relação ao uso do álcool ou do medo da doença.

Observou-se que muitos são os eventos e/ou elementos desencadeadores que encorajam, estimulam e reforçam a busca pelo tratamento, mesmo quando estes não estão relacionados diretamente ao problema com a bebida, ou quando o alcoolismo não é visto como principal problema, fato que ficou bem claro no caso de Rosa Castanha.

É possível que isto aconteça, devido ao fato que homens e mulheres evidenciam tolerância em relação ao alcoolismo feminino, enquanto que entre mulheres alcoolistas, a atitude mais comum é a de aversão (BAUER; 2004; NÓBREGA; OLIVEIRA; 2005; CÉSAR, 2006).
As que apresentam problemas com o alcoolismo são normalmente julgadas e ditas sem personalidade. Pode-se observar em seu discurso:

[...] Acho feio, que é vergonha para as mulheres beberem. Minha filha e a vizinhança falavam que era safadeza. Uma velha bêbada. Eu não ligava.

Percebe-se que Rosa Castanha tem consciência a respeito da visão da sociedade e dela mesma em relação ao uso abusivo de álcool, marcado pelo preconceito e considerado imoral no que tange às diferenças de gênero. A sociedade é mais complacente quando o assunto se refere ao alcoolismo masculino, ao mesmo tempo em que é mais rigoroso quando se trata do alcoolismo feminino, sobretudo sendo uma mulher idosa.

As mulheres são constituídas historicamente como sensíveis, emotivas, delicadas e tendo funções ligadas à maternidade e aos cuidados. Já os homens são historicamente relacionados à ideia de força e poder (PRETTO, 2004).

Rosa Castanha reconhece que procura efeitos gerados pelas bebidas alcoólicas e que podem ser compensatórios para lidar com determinadas situações de vida. Compreende como perturbadores os efeitos que podem ser vivenciados na ingestão de bebidas, mas é confuso,

estando entre algo prazeroso e danoso ao mesmo tempo na representação do uso de bebidas alcoólicas em sua vida (NÓBREGA; OLIVEIRA, 2005).

O uso do álcool no organismo de qualquer pessoa que consuma no primeiro momento age como estimulante, deixa a pessoa eufórica, desinibida, mais sociável e falante, com sensação de prazer, de alegria; depois, age como um depressor da atividade cerebral, reduzindo a ansiedade, mas prejudicando a coordenação motora, ocorrendo ainda a diminuição da autocrítica, além de prejuízos na capacidade de raciocínio e concentração (NÓBREGA; OLIVEIRA, 2005).

Nota-se que Rosa Castanha caminha nesse sentido. Pode-se sugerir que o significado do alcoolismo feminino para Rosa Castanha foi assim identificado:

[...] é uma fraqueza, uma loucura, é bom e fico com juízo virado e agitado. É feio, é errado, é uma vergonha as mulheres velhas como eu beber tanto.

Rosa Castanha identificou os motivos de origens psicológica, sociais e genéticos que a levaram a fazer o consumo de bebidas alcoólicas em sua vida diária.

De acordo com Rosa Castanha, o começo do uso com maior frequência e/ou abusivamente deu-se a partir de acontecimentos significativos na vida como a morte de seu pai e o assassinado de seu filho. Este achado é amparado pelos autores Nóbrega e Oliveira (2005) afirmando que ocorrências traumáticas podem desencadear o uso abusivo dessa substância, tendo como decorrência a manifestação do alcoolismo em algumas mulheres.

Rosa Castanha informou que iniciou o consumo de bebidas alcoólicas como forma de socialização e fonte de prazer, divertimento em festividades aos 15 anos quando trabalhava como empregada doméstica, sendo que nos dias em que estava de folga, ela saia com suas colegas para os bares da cidade.

Pode-se pensar que esta conduta esteja associada à entrada da mulher no mercado de trabalho e na vida política, ou seja, na vida pública e no processo de poder escolher (NÓBREGA; OLIVEIRA; 2005; CÉSAR, 2006).

Identificou-se o sentimento de desprezo e de angústia que a levou ao uso do álcool, apontando esses fatores psicológicos capazes de desempenhar um importante papel no desenvolvimento do alcoolismo:

[...] Fico angustiada, desprezo de todos, desprezo dos filhos. Acho que tudo isso faz beber muito mais. Um dos meus filhos foi assassinado, é muito triste, é uma dor. Só a cachaça faz esquecer tudo isso.

Rosa Castanha desmontou na sua fala carências afetiva e baixa autoestima, como as dificuldades de motivação durante o tratamento, pois Rosa Castanha desaparecia por meses e depois voltava com pedido de apoio.

[...] Eu às vezes fico sem vontade de fazer nada, só de beber, não tenho ninguém que gosta de mim! Aí, penso na minha TR (técnica de referência). Ela me põe para cima, me faz pensar e sonhar com coisas boas.

A problemática do uso de álcool pode ser vista como consequência de fatores sociais, tais como desemprego, privação social e outros. Esses fatores podem causar influencia expressiva sobre o início e o uso abusivo continuado do álcool pelas mulheres (PILLON; LUIZ, 2004).
A fala de Rosa Castanha sugere que a condição socioeconômica influenciou o abuso de álcool na sua vida.

Não ter casa, família e não ter trabalho. Só tem a danada da cachaça. Pois todo mundo dá a cachaça prá gente outras coisas não dão [...].

De acordo com Hulse (2002) os problemas relacionados ao alcoolismo ocorrem, em média, por volta dos quarenta anos. São a consequência do hábito de beber iniciado muitos anos antes, na maioria das vezes durante a adolescência, bem observada no decorrer da história de vida de Rosa Castanha. Em geral, verifica-se que, tanto a mulher como o homem com alcoolismo, começam a habituar-se a consumir tal substância através do etilismo social, no qual os mesmos, tanto encontram alívio das tensões habituais da sua vida, quanto descobrem que suas tensões internas podem ser neutralizadas pela ingestão de bebidas alcoólicas.

Com o decorrer do tempo, tanto a mulher e o homem com alcoolismo tornam-se cada vez mais dependentes da bebida como um meio de reduzir a ansiedade e além do preenchimento da necessidade de sentir-se importante ou, também, o álcool pode ajudar a suprimir lembranças desagradáveis, o que pode ser percebido na fala de Rosa Castanha.

[...] Quando eu bebo não lembro nada, esqueço-me das coisas ruins da vida. Não preciso de motivo, só me basta ver, tomo todas, me sinto importante. As pessoas falavam que eu não tinha personalidade era fraca, uma bêbada.

Observa-se que o consumo de bebidas alcoólicas com mais frequência e sem controle, por parte das mulheres no tempo atual, permanece tão preconceituoso e tão pouco compreendido pela nossa sociedade, que é o alcoolismo feminino, pois tende a estereotipar a mulher e especialmente idosa, que não é vista como doente, e sim como alguém que possui fraqueza, perda da razão, um problema estritamente individual, sem influências ou consequências relacionadas ao social, o que a caracteriza na condição de cidadã negada.
CliniCAPS, Vol 7, nº 20 (2013) – Relato de Experiência
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A origem biológica por fator herdado foi alegado por Rosa Castanha como demonstra na sua fala:
[...] No meu caso, acho que já vem de família, todo mundo bebe demais e daí! Como eu já tinha isso no meu sangue foi só eu beber para tudo acontecer.

A explicação dada por ela para o seu alcoolismo é corroborada com o que se encontra na literatura, que indica o alcoolismo como uma doença multifatorial, incluído o fator genético. É apoiado por estudo que defende fatores genéticos que poderiam predispor à dependência e que, para o uso de álcool, esta hipótese é indicada como sendo bastante consistente (BOTEGA, 2006).

A percepção sobre a consequência do uso é outro aspecto a ser analisada, procurando-se ampliar a visão sobre o caso clínico estudado. Rosa Castanha apontou como consequência, seus problemas psicológicos, familiares, sociais e físicos, em decorrência do uso de álcool.

Rosa Castanha revelou que um dos problemas sociais vivenciado é o isolamento social fazendo com que ela experimentasse cada vez mais o uso da bebida para suprimir este isolamento.

Podemos pensar que se caracterizarem como rótulos estigmatizantes causados pelo meio social, ou ainda pelo fato de reproduzirem um tipo de sistema de ideias predominante: beber abusivo é comportamento esperado aos homens e não as mulheres, ou seja, percepção moralista da realidade acarretando um comportamento de negação deste fato. Isto sugere que a perda do apoio social acontece mais rapidamente devido à baixa tolerância social em relação ao hábito da mulher beber sem controle (PILLON; LUIZ & PRETTO, 2004).

Outra dificuldade alegada por Rosa Castanha foram os conflitos familiares, provenientes do uso de álcool, destacando a troca de agressões verbais com os filhos e destruições dos objetos da casa.

[...] Quando estou bêbada fico com o juízo virado! Aí brigava com meus filhos. Quebrava tudo que estava na minha frente. Não tinha boquinha não. Agora não faço mais isso.

Nóbrega e Oliveira (2005) alegam que os conflitos familiares podem habitualmente indicar o fracasso em atender às expectativas sociais tanto para o homem quanto a mulher.

Assim sendo, Pretto (2004) afirma que na medida em que a mulher vai ampliando seu espaço social, assumindo múltiplos papeis, rompendo preconceitos e estereótipos em torno de um modelo dito feminino, essa diferença de sexo gradativamente diminui. Igualmente, o papel feminino vivido na estrutura familiar de Rosa Castanha, verifica-se que ela assumiu a responsabilidade pelos filhos, pelos afazeres domésticos e manutenção econômica da família.

Outros problemas psicológicos mencionados foram a depressão e a angústia como consequência do uso de álcool. Estudos realizados sobre comorbidades indicam que mulheres com uso abusivo do álcool apresentam transtornos de ansiedade e depressão como diagnósticos psiquiátricos mais frequentes (NÓBREGA; OLIVEIRA; 2005; CÉSAR, 2006).

Rosa Castanha identificou problemas físicos e orgânicos também como consequência do uso de álcool na sua vida: hipertensão, inapetência e tontura, o que se evidencia na fala:
(...) eu tinha diarreias terríveis, estava magra demais, só osso, vomitava sangue, o médico clínico falou que o meu fígado não aguenta mais a bebida.

César (2006) aponta que as mulheres com uso abusivo do apresentam mais problemas físicos e familiares, tendo como consequência do uso várias doenças, entre elas cirrose hepática, prejuízos cognitivos, hipertensão e desnutrição. Esse mesmo autor argumenta que as mulheres começam a beber sem controle mais tarde que os homens, mas que, a forma como metabolizam o álcool parece pô-las em maior risco de desenvolver complicações físicas mais precocemente que os homens.

Rosa Castanha procurou um sentido mais claro sobre o uso do álcool em relação à saúde e à doença na sua vida diária. Revelou-se mais compreensiva sobre os problemas psicossociais e clínicos que lhe afetam, tentando lidar com tais prejuízos no cotidiano, através da aceitação e de mudanças de conduta, alcançando uma relação mais bem-sucedida. Mas, observamos ser necessário certo tempo para desenvolver este saber e aplicá-lo.

Pode-se pensar de acordo com o discurso de Rosa Castanha que são as causas psicossociais que levaram à manifestação e ao desenvolvimento do alcoolismo. Rosa Castanha afirma que o motivo que a induziu a beber foi a influência de algumas colegas, de familiares alcoolistas e a morte de seu filho, e que bebe para não se lembrar das coisas desagradáveis, e que agora bebe sem motivos, basta ver o álcool que seu desejo é chegar à bebida que a faz sentir-se importante.

3.2 A reabilitação da mulher idosa na batalha diária perante o alcoolismo

Rosa Castanha garante que o cuidado oferecido pelo o CAPS-ad foi o único caminho terapêutico usado pela mesma e avaliou como resposta positiva na sua recuperação (BRASIL; 2004,2007):

[...] O carro da polícia que trouxe para cá, estava na rua desmaiada, bêbada. Eu descobri aqui no Caps que tinha uma doença. Deram-me conselho, me botaram prá frente e me mandaram para o Hospital (UD) para limpar o meu sangue. Saí de lá direto para o Albergue (CMC) passei alguns dias internada. Depois da alta de lá, voltei para o Caps. Agora estou neste serviço, até hoje em tratamento. Foi a minha TR [Técnica de Referência do Caps-ad], me botou internada, e me botou no beneficio, fiquei lá internada quase um ano. A minha TR mandou para casa dosvelhos porque eu não tinha casa, ficava pela rua. Agora moro na casa da minha filha casada e com os meus netos.

Retomando a história de Rosa Castanha e analisando o cuidado oferecido pelo CAPS-ad no começo do seu tratamento, a equipe do serviço fez o encaminhamento para a unidade de desintoxicação onde ela permaneceu internada por trintas dias. No entanto, após a alta da UD retornou ao CAPS-ad, onde foi novamente analisada pelos profissionais do serviço, apontando a necessidade de um local de saúde onde ela permanecesse, para o cuidado de proteção que enfatiza a dependência como uma dificuldade relacionada à carência do objeto, à falta e ao desamparo com atividades ampliadas que atendam à complexidade do fenômeno droga/indivíduo/contexto socioculturais, integrando várias abordagens científicas e clínicas, e adaptadas nesta situação.

No entanto, o município em estudo não contava na época, com um CAPS-ad 24hs, existindo somente a Casa do Meio do Caminho (CMC), espaço de tratamento para pessoas com história de uso de substâncias psicoativas, que desenvolveram uma relação de consumo sem controle, trazendo assim, prejuízos para suas vidas. No entanto, o atendimento deste espaço era exclusivo para pessoas do sexo masculino, encaminhadas pelos CAPS-ad e tendo como referência a permanência entre 35 dias a 45 dias (OLIVEIRA; SANTOS, 2010).

Contudo, a abstinência é mantida dentro deste serviço, funcionando como estratégia para a maioria dos pacientes, fator que, no caso de Rosa Castanha foi essencial. São trabalhados os projetos terapêuticos pactuados nos CAPS-ad, sendo primeiramente, construídos junto com o usuário, dentro das suas possibilidades e vontade.

A Casa do Meio do Caminho de referência deste CAPS-ad acolheu Rosa Castanha, no que se refere à responsabilidade sanitária dos profissionais de saúde, assim como abriu uma reflexão sobre a questão do atendimento para ambos os sexos.

Com o apoio nas discussões em equipe, fruto do trabalho interdisciplinar, a Técnica de Referência (TR) elaborou suas intervenções e as respaldou enquanto técnica, sua concepção de qualidade de vida no contexto biopsicossocial, que inclui a dimensão do novo, do criativo e do inesperado da ação (BUSS; 2000; BRASIL; 2004,2007).

O papel da TR foi essencial para a condução do caso, sendo acolhedora, consistente, diretiva e inovadora em suas pontuações, inclusive, assumindo, às vezes, o papel de educadora. Buscou ainda a parceria com outros setores, sendo que no caso de Rosa Castanha, foi obtido seu abrigamento em uma ONG para idosos, na qual ela permaneceu por um ano, como sua residência. Neste período a TR buscou a aproximação de uma filha casada para o convívio de Rosa Castanha, e garantir seu direito de receber um auxílio da previdência social.

Vale citar que durante a pesquisa Rosa Castanha estava residindo na casa de sua filha e recebendo o auxílio da Previdência Social. Desmontou que o apoio do serviço e da família é fundamental para sua recuperação.

(...) Eu preciso de ajuda, sem isso fica muito difícil se segurar. O apoio da família, de pessoa e do CAPS-ad principalmente. (...) Estou aqui, mas tudo eu falo com a minha TR [Técnica de Referência do CAPS-ad], não escondo nada dela. Fui ao aniversário neste fim de semana de uma colega, só bebi três cervejas e eu segurei. Não fiz uso de cachaça, sai logo e fui pra casa, mesmo o pessoal "vem beber!", "fica pra outra vez", e saí bem ligeiro.

Podem ser observadas as mudanças de conduta em relação ao tipo de bebida consumido pela Rosa Castanha: a cachaça é relacionada à doença, ou seja, beber cachaça remete ao alcoolismo, à falta de controle do uso. Já a cerveja tem outra representação social: é considerada uma bebida mais saudável, e seu uso é passível de maior controle.

Neste sentido, Rosa Castanha criou suas estratégias de redução de danos: bebidas alcoólicas com menor concentração de álcool, com a finalidade de diminuir os prejuízos em sua vida.
A representação da cachaça como bebida de quem não tem controle sobre o uso de álcool aparece na fala da entrevistada.

A instalação do alcoolismo é insidiosa e lenta. No início, as mulheres usam bebidas com menor teor alcoólico, como a cerveja; com o avanço da doença, outras bebidas com maior teor alcoólico passam a ser utilizadas, como a vodka ou a cachaça.

Outra conduta identificada no enfrentamento do alcoolismo por Rosa Castanha foi o afastamento do convívio com pessoas que também fazem uso frequente de álcool, como forma de escapar da influência que exercem, conforme citado por ela:

[...] Eu me afasto de quem bebe. Todo mundo que eu bebia estou me afastando.
Durante o percurso do tratamento, Rosa Castanha deparou-se com a necessidade da adesão e do esforço para poder encontrar suas próprias estratégias de enfrentamento, únicas e específicas de cada caso. Descobriu que somente ela poderia encontrar uma forma criativa de refazer o seu próprio caminho, para reduzir os seus prejuízos provocados pelo uso de álcool na sua vida, conforme citado no relato abaixo:

[...] Por mim mesma, junto com os técnicos criando formas, pois, o médico só passa remédio, vitamina e remédios pra dormir isso não adiantam, não tira a vontade de beber não. No início do tratamento, eu pensava que existia uma receita que tirasse a vontade de beber. Agora sei que tenho que criar estratégias para não fazer o uso da cachaça.
Rosa Castanha, no momento da pesquisa, aos 70 anos, já tem um percurso no tratamento, pode viver experiências mais diversificadas na sua busca por sentido para o

consumo de bebidas alcoólicas através da aceitação e da aproximação com os profissionais especializados; assim, desenvolveu um saber mais crítico sobre a complexidade da doença.
Rosa Castanha encontra-se em tratamento do CAPS-ad na modalidade de suporte social que acontece uma vez por semana, cujo objetivo é o de cuidar dos casos crônicos de dependência química.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do que foi exposto, compreendemos que o alcoolismo feminino na velhice mostra-se como um assunto complexo e multifatorial, levando-nos a considerar o que estimula o gênero feminino, em suas especificidades, ao uso de álcool. Este estaria relacionado a vários indutores nos aspectos individuais, familiares e sociais.

Para se analisar essa problemática, é fundamental considerarmos a história de vida de cada idosa, sempre relacionando o momento histórico em que ela está inserida com o contexto sociocultural.

A partir dos princípios básicos para a assistência aos usuários de álcool e outras drogas, surge a necessidade de promover-se uma aliança terapêutica através de um ambiente acolhedor, de empatia, sem julgamento, conduzindo ao relacionamento interpessoal.
Dessa forma, pode-se garantir ao idoso, a assistência contínua e integral, contribuindo para a competência coletiva do trabalho da equipe.

A idosa com o diagnóstico de alcoolismo deve ser entendida e abordada sob a ótica da totalidade, numa perspectiva holística, que tem como foco principal o ser humano, na compreensão e tratamento do problema ou desconforto, necessários para que seu equilíbrio seja alcançado.

Neste sentido, a equipe interdisciplinar pode auxiliar tal instrumentalização, incentivando e apoiando a idosa a assumir a responsabilidade pela melhoria da qualidade de vida em todos os níveis. O profissional de saúde tem um papel fundamental na promoção, prevenção, redução de danos e reinserção social dos idosos, pois estão próximos aos pacientes em seu cotidiano de trabalho.

Além disso, e de modo específico, o Centro de Atenção Psicossocial de Álcool e outras Drogas que fez parte deste estudo, tem a percepção de que o modelo descrito na Política de Atenção Integral seja parte do cotidiano de grande parte dos atores sociais.

Estudos abrangendo alcoolismo feminino e velhice são poucos, e essa questão carece de maior atenção por parte de acadêmicos e dos profissionais que atuam diretamente com

idosos, a fim de se pensar em intervenções que previnam as consequências biopsicossociais do uso de álcool para essa população.

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Recebido em: 21 de fevereiro de 2014
Aceito em: 22 de abril de 2015

 
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